João Alves foi um dos representantes mais socialmente percebidos, e talvez pioneiro de uma produção pictórica vinculada ao Centro Histórico de Salvador, denominado “Pelourinho”. Uma realidade física e humana que não lhe era estranha, pois habitava o local, interagia com suas vizinhas prostitutas, amparando seus filhos e de lá tirava seu sustento, seja engraxando sapatos, pintando e vendendo seus quadros. Impressiona que, mais de meio século depois de João Alves, os poderes públicos municipais e estaduais nunca deram atenção aos pintores que continuam pintando o Pelourinho, no Pelourinho, e que da venda da produção aos visitantes de todo o mundo, obtêm a sua sobrevivência. Esses pintores atuais não são sequer considerados nas escritas da história da arte baiana, da crítica de arte, ou mesmo têm seus trabalhos incorporados aos acervos dos museus públicos de arte. Mas continuam atraindo olhares de estrangeiros e obtendo seus sucessos silenciosos, expondo no exterior e sendo alvo da crítica nos lugares em que expõem.